domingo, 6 de maio de 2012

ARACAJU, UMA CIDADE PLANEJADA?

                                                                         
            Ronaldo Brasil (graduando em História pela UFS)
Orientação: Profª. Dra. Célia Costa Cardoso

            Aracaju foi construída a partir de 1855, quando sob o governo provincial de Inácio Joaquim Barbosa ocorre a retirada de São Cristóvão da condição de capital de Sergipe. Contudo, essa mudança não ocorreu tão simples quanto pode parecer. Houve muitos protestos da população de São Cristóvão, principalmente do seu principal líder: João Naponuceno Borges (João Bebe Água) que morreu sem por os pés em Aracaju e prometendo ajudar São Cristóvão a ser novamente capital.
O desejo de João Bebe Água e de grande parcela da sociedade sancristovense não se concretizou devido a uma forte aliança existente entre os grandes produtores de açúcar do Vale do Cotinguiba (atualmente Maruim, Laranjeiras e Santo Amaro). Essa região, em meados do século XIX, passava por um auge em sua produção açucareira, razão pela qual seus produtores sentiram a necessidade de transferir a sede político-administrativa para uma região mais próxima ao mar, favorecendo também o escoamento da produção. Dessa forma, o açúcar seria transportado em embarcações através do Rio Cotinguiba, passando pelo Rio do Sal, Rio Sergipe, onde haveria um porto para a entrega do produto aos navios estrangeiros.
Após estudos técnicos realizados pelo engenheiro italiano Sebastião Basílio Pirro, a região onde viria ser Aracaju estava definida. A partir da região do atual centro de Aracaju, próximo à colina do Santo Antônio, onde existia um povoado de pescadores, foram aterrados vastos manguezais para dar lugar a prédios públicos e ruas em formado de um tabuleiro de xadrez, estilo seguido em cidades européias num período em que se valorizavam os centros urbanos como sinônimos de modernidade.
Aracaju, diferentes de outras povoações de Sergipe, surgia de forma planejada dentro de interesses dos produtores de cana da região do Cotinguiba, principalmente o poderoso Barão de Maruim, considerado um dos principais responsáveis por São Cristóvão ter perdido o estatus de capital em 1855.
Não somente São Cristóvão declinou, mesmo Aracaju passou por crises devido a problemas em sua estrutura sanitária, o avanço de doenças, como a cólera que matou o próprio presidente Inácio Barbosa, permitiu que cidades como Laranjeiras, Maruim e Estância conseguissem ampla visibilidade política e econômica durante o final do século XIX.
A partir da República (1889), após uma série de crises, Aracaju inicia de maneira efetiva o seu processo de desenvolvimento como cidade moderna. O avanço das fábricas e os aglomerados urbanos mostram uma capital nova, mas com uma série de problemas que atravessam esses 157 anos. Problemas que são frutos do crescimento desordenado de habitações. Desde a época de Pirro e Inácio Barbosa que imensos manguezais vêm sendo aterrados para construções, fator que contribui para inundações e poluição dos rios atualmente. Deste modo podemos afirmar que Aracaju não foi tão bem planejada assim...

REFERÊNCIAS
CORRÊA, Antônio Wanderley de Melo; ANJOS, Marcos Vinícius Melo dos. História de Sergipe para vestibulares e outros concursos. 7ª reimpressão. Aracaju: Sergipecultura, 2009.
Revista Cinforme dos municípios. História dos Municípios. Edição histórica: Aracaju: Cinforme, 2002.

Por Ronaldo Brasil

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